Histórias em Quadrinhos ou como são conhecidas HQs, são arte? Muita discussão ainda rolará sob a ponte, mas, mais e mais, as grafic novels de qualidade fantástica vem demonstrando que a arte tradicional terá que rever conceitos. As artes gráficas estão ai para ficar e já a bastante tempo. O movimento árt deco e art nouveau no final do século XIX e princípios do XX, já trazia em seu bojo elementos gráficos relevantes, que nunca mais foram abandonados. Não é a toa que as HQs surgiram nesta época, em vários pontos do mundo ao mesmo tempo, cada país tem o seu pai dos quadrinhos, até mesmo no Brasil, se atribui a Angelo Agostini sua invenção. Há quem diga que os quadrinhos são a mais antiga forma de expressão da humanidade, pois nas pinturas rupestres, muitas vezes, os desenhos são seqüenciais e mostram o cotidiano de uma era.
Mais recentemente o mundo foi invadido literalmente pelo quadrinho japonês, primeiro com os animes, e depois com os mangas, influenciando toda uma geração que já curtia super-heróis americanos e europeus. Desta nova geração podemos destacar o Ton Albuquerque que define sua arte como uma mescla ou um amálgama de influencias. Trabalhando já profissionalmente, Ton nos concede uma entrevista com algumas e suas impressões e dicas. Para saber mais do Ton, acessem o seu blogue com uma amostra de seus desenho:
Uma Voz no Invisível - Qual foi seu primeiro contato com as artes plásticas e ou visuais? Quando estas artes se destacaram em seu mundo?
Ton Albuquerque: Gosto de desenhos animados desde pequeno, sempre ficava olhando qual era o desenho mais bonito de traço, rs. Me impressionei com seriados japoneses também, me dava vontade de desenhar meus heróis favoritos, e muitas vezes, criava meus próprios personagens. Quando meu pai me deu a primeira revistinha em quadrinhos, fiquei impressionado como desenhavam tão bem aqueles prédios tão detalhados, e os super-heróis perfeitamente imponentes. Essa fase foi muito importante e decisiva em minha vida.
Uma Voz no Invisível - Em algum momento a escola formal (fundamental ou médio) criou em você interesse ou necessidade de fruição da arte e suas expressões?
T.A: Não, minha vontade de desenhar já vinha desde os 4 anos, lembro que minha mãe desenhava pessoas andando em perfil, pra eu copiar, rs. Ela sem saber, me instigava a desenhar antes mesmo de eu aprender a ler e escrever, rs.
Uma Voz no Invisível - Em que momento sentiu a necessidade de se expressar como artista plástico?
T.A: Rs, eu acho que a “vontade” de desenhar, veio antes de querer me expressar, rs.
Uma Voz no Invisível - Em que momento se viu ou sentiu ou foi reconhecido como um artista plástico?
T.A: Percebia o reconhecimento na escola, rs, com meus colegas querendo desenhos meus, para guardar, ou para conseguirem notas na educação artística.
Uma Voz no Invisível - Existiu ou existe uma pessoa em especial que lhe inspirou neste caminho ou lhe incentivou de forma positiva?
T.A: Minha mãe começou o incentivo, rs.
Uma Voz no Invisível - Qual a sua formação na área de artes plásticas e ou visuais (mesmo as informais; oficinas, de pesquisa individual, autodidata ou coletiva e outros)?
T.A: Fui autodidata até o dia em que entrei na Escola Oficina, rs, pra me dedicar de vez as ilustrações.
Uma Voz no Invisível - Participa de algum coletivo, grupo ou outra forma de agremiação de artistas, mesmo que não envolva a produção, mas também a mera discussão das expressões e meios de produção ou puro contato com seus pares?
T.A: Tenho amigos na área, Alguns fazem parte de agremiações até, mas eu, não, rs, por enquanto, é uma escolha.
Uma Voz no Invisível - Existe alguma técnica em que se especializou? Faz outras experimentações?
T.A: Trabalho desenhando storyboards, em geral, faço desenhos realistas, vez ou outra, tenho que fazer desenho infantil, ou cartoon. Nos meus projetos pessoais, faço o que quero, alguns dizem que é manga, mas eu sinceramente nem sei mais, rs. Meu estilo, como desenhista em quadrinhos, é um amálgama de manga com quadrinho americano.
Uma Voz no Invisível - Destaque alguma exposição (mostra ou outros) ou exposições das quais participou, de forma individual ou coletiva, que considere importante ou fundamental (artística ou afetiva) em sua atuação.
T.A: Exposição da Escola Oficina, com dois desenhos meus, rs, acho que há um deles ainda em amostra no site deles. Lançamento do 4º livro de Luciana Garcia, “O Mais Latino Dos Folclores”, pela editora Caramelo.
Uma Voz no Invisível - O que acha de subsídios oficiais para produção de artistas? Se utiliza ou já se utilizou destes recursos? O artista deve ser também um burocrata?
T.A:Nunca utilizei, mas acho válido para quem usa, e pra quem quer usar, rs.
Uma Voz no Invisível - Dê a sua opinião sobre o ensino de arte na escola formal e outras formas de educação.
T.A: Eu não sei como andam as coisas na escola hoje, acho que vai do professor, mas acho que deveria haver um comprometimento maior, mas não só da escola, mas tanto do governo, estado, como das pessoas, da mídia, enfim.
Uma Voz no Invisível - Quais suas influências? Algum artista ou grupo de artistas lhe serviu de inspiração para seu trabalho ou lhe incentivou a produzir arte?
T.A: Hoje vejo alguns artistas que fazem algo parecido com o que faço, Frank Cho, Terry Dodson, entre outros, e outros que não lembram, mas que me agradam, e me inspiram, como Carlos Pacheco, Ivan Reis, Luke Ross, e muitos outros.
Uma Voz no Invisível - Neste momento você tem a palavra, fale sobre, dê sua opinião ou alguma informação que não foi revelada pelas questões anteriores e que considere pertinente ou simplesmente queira dizer. Rasgue o verbo!
T.A: Não tenho muito para rasgar,rs, mas estou muito contente em poder dizer que sou desenhista, e que isto é profissão, é uma forma de dizer as pessoas que não desistam dos seus objetivos (se eu consegui, qualquer um consegue!), rs. Também agradeço a minha mãe, que me deu lápis e papel quando eu tinha 4 anos, e sempre trazia mais quando eu pedia, sem saber, ela me incentivou, rs. A minha formação e educação começou ali, rs, é a mensagem que quero passar. Até.
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